Corretoras poderiam controlar
Quando comecei a investir na Bolsa de Valores, imaginava que minha corretora automaticamente faria tanto o controle dos ganhos realizados para fins de imposto de renda, como do ganho não-realizado (aquela ação que você ainda não vendeu), para controle pessoal.
Muito simples: se todas as informações estão lá, por que elas não calculam e mostram o resultado ao cliente em tempo real? Imaginava que a primeira corretora a oferecer essa solução quebraria todas as outras.
Bom. Depois de abrir conta em uma segunda corretora (mantendo a primeira), percebi que não era tão simples assim. Afinal, se você comprar a mesma ação em ambas as corretoras, precisará calcular o preço médio levando em conta ambas custódias. E uma corretora não tem informação de o que você comprou na outra.
Essa falta de informação impedia as corretoras de oferecer o cálculo do ganho para fins de IR de algumas ações de alguns clientes. Mas com certeza não era desculpa, principalmente para não oferecer a informação apenas para controle pessoal.
Isso era no início dos anos 2000. Época em que a Microsoft ainda era a provedora universal de soluções tecnológicas.
Para tudo que você precisasse, a empresa ia lá e elaborava um software.
Os primórdios: Ms Money
Foi assim que conheci o Microsoft Money, programa que usei por um tempo para controlar o ganho em ações da Bovespa. O sistema hoje é livre, pois a empresa abandonou seu desenvolvimento e atualizações. Na época, o Money era até bonzinho, principalmente para facilitar o cálculo do ganho de capital (para IR).
Mas tinha suas limitações, já que não atualizava a cotação automaticamente e, por ser desenvolvido para o público americano, obrigava o usuário brasileiro a cadastrar ações como se fossem Mutual Funds, para que o método de apuração do estoque fosse o preço médio (sistema adotado no Brasil).
Fora isso, era bem interessante. Principalmente a variedade de relatórios que emitia.
Hoje em dia
Com certeza, devo estar desatualizado, pois todo dia um aplicativo de celular é lançado e nem smartphone eu tenho. Então tem a chance de existir um app que faça tudo por você. Só não o conheço.
No meu caso, como faço poucas operações por ano, então acabo fazendo os cálculos manualmente em cima das notas de corretagem (o que não é a maneira mais prática, admito).
Enfim, pesquisando uma alternativa ao Money, encontrei, para uso em PC, duas opções que você poderia utilizar para o controle de sua carteira em ações.
Opção 1: GNUCASH
O Gnucash é um software livre de controle financeiro e patrimonial, que pode ser usado tanto por pessoas, como até para a contabilidade, por empresas (nos EUA é muito comum o indivíduo tratar suas próprias finanças como as de uma empresa, até mesmo levantando demonstrativos financeiros).
Cheguamos a instalá-lo no computador e realmente é um software completo. Tanto é que, além de permitir você lançar suas ações, ele pode ser programado para buscar as cotações atualizadas na Bovespa.
Isso o tornaria imbatível se não fosse os poréns:
- Exige uma curva de aprendizado, já que:
- É tão completo que você pode se sentir acuado diante de tantas funcionalidades;
- Utiliza o sistema de partidas duplas, que gera muita dificuldade para quem não tem conhecimento contábil (onde lançar a contrapartida? Isso é débito ou é crédito? Etc.);
- Não tem a usabilidade (Argh! Que palavra!) que os aplicativos de celular têm (abrir rápido e em um clique já estar na tela exata para entrada dos dados);
Enfim, o Gnucash é excelente, mas não é para as pessoas pouco ou meio organizadas. É um sistema para os muito organizados.
Referências:
Sobre o sistema:
https://pt.wikipedia.org/wiki/GnuCash
Tutoriais de uso:
Opção 2: Usando o Google Finance para controle de ações
A segunda opção, bastante prática, é o uso do Google Finance. Essa segunda opção ainda pode ser subdividida em duas outras:
- Usar a ferramenta no site (http://www.google.com/finance), criar um novo portifólio e adicionar os papéis que você adquirir.
- Montar a sua planilha no Google Spreadsheets e programar para que ela atualize automaticamente o valor em tempo real (com atraso de 20 minutos) das ações na Bovespa.
O site do Google Finance
O site não possui apenas a funcionalidade do portifólio (=carteira), ele ainda tem as seguintes funções, bastante interessantes:
Stock Screener: Essa ferramenta permite que você faça uma pré-seleção de ações com base em critérios que você mesmo estabelece. Os básicos são: valor de mercado (Market Cap), relação preço/lucro (P/E ratio), retorno em dividendos (Div yield), variação do preço no último ano (52w price change). Porém, você pode clicar em add criteria e adicionar vários outros indicadores muito interessantes. Só sentimos a falta da exportação de arquivo para essa ferramenta.
News: Após adicionar alguns papéis ao seu portifólio, as notícias da área serão aquelas direcionadas às ações que você selecionou.
Fundamentos: O Google Finance permite ainda a análise de fundamentos de cada empresa, por possuir uma base de dados muito ampla.
Mundial: Caso você também tenha (como eu), interesse de investir de tempos em tempos em empresas fora do país, principalmente americanas e europeias, essa ferramenta possui informações de quase todos os mercados.
O que fazer com os dados?
Muita gente acessa os dados somente por curiosidade. Porém, se você investe em ações, pode querer realizar seus próprios cálculos e levantamentos em cima dos dados apresentados.
O problema é que nenhum facilita isso para o investidor. Você olha os dados na tela do navegador e digita ou copia e cola em sua planilha. Isso não é prático, nem permite uso em escala.
Mas o Google Finance possui integração com as Google Spreadsheets (planilhas eletrônicas) e com um simples comando você tem várias informações referentes à ação diretamente em sua planilha, prontas para cálculo. Nos próximos dias compartilharemos com nossos assinantes uma planilha com essas atualizações automáticas. Não se esqueça de se cadastrar para nos acompanhar.